Sobre o Palmeiras, Felipe Melo e Eduardo Baptista

Felipe Melo acerta soco em jogador do Peñarol, estopim para a briga em campo. (FOTO: REUTERS/Andres Stapff)

O Palmeiras venceu o Peñarol na noite da última quarta-feira (26) de forma heroica e emocionante assim como os jogos do alviverde tem sido até o momento. Depois de terminar o primeiro tempo sem nenhuma finalização e o placar de 2x0 para o time uruguaio, o time de Eduardo Batista, com alterações, voltou e reverteu os números do jogo de maneira arrasadora, vencendo o jogo por 2x3.

A vitória deixou o Palmeiras bem mais perto de se classificar para a próxima fase do que findar sua participação na fase de grupos, além de alçar o clube, ou até mesmo mantê-lo, como um time forte na corrida pelo título. Mas nem só de viradas e lances de raça se fez o jogo.

O jogo entre Palmeiras e Peñarol aqui no Brasil não se mostrou dos mais amigáveis, sobrou provocações, ameaças e promessas que se cumpriram nesse segundo jogo. Após o apito final uma briga generalizada se iniciou em campo entre jogadores das duas equipes. Aparentemente tudo se iniciou a partir de um soco de Felipe Melo em um adversário, mas vamos aos fatos. 

Desde o jogo na casa alviverde o meia teve de aturar o racismo uruguaio, foi xingado durante quase toda a partida de macaco, por conta, óbvio, de sua cor. Ontem não foi diferente e mesmo assim ele aturou quer mostrar que é um homem diferente daquele que nos deixou na mão na Copa de 2010. Porém de maneira covarde vários jogadores do Peñarol partiram para cima de alguns alvos palmeirenses, dentre eles o próprio Melo, que para se defender golpeou um jogador uruguaio, e foi ai que as coisas se intensificaram. 

Longe de mim justificar as agressões ou tentar entender da onde partiram primeiro, só quem estava em campo poderá esclarecer isso (ou não). Mas uma coisa é certa, Prass, goleiro alviverde, que se viu cercado por cinco jogadores rivais o chutando e Melo, estavam se defendendo do que poderia acontecer com eles. Esperemos os desdobramentos e punições que acompanharam os acontecimentos da noite.

Ao mesmo tempo em que isso acontecia em campo, as arquibancadas seguiam o exemplo. Parte da torcida uruguaia tentativa de qualquer forma romper as barreiras entre eles e a torcida do Palmeiras, ainda bem que isso não aconteceu, pois os policiais que ofereciam a segurança do jogo também estavam agredindo os palmeirenses, teria sido um massacre. Foram cenas lamentáveis daquelas típicas de Libertadores da América, daquelas típicas que nos afastam cada vez mais da organização que se vê em campeonatos europeus, 

Depois da partida e de toda a confusão acarretada durante e após ela, o técnico Eduardo Baptista concedeu uma entrevista coletiva para os jornalistas presentes, talvez esse tenha sido o ponto alto de stress de um técnico que constantemente é enxovalhado por sua torcida e pela mídia em geral, e por isso durante seis minutos o técnico desabafou. 

Independente de pra quem foram as batidas na mesa, os palavrões, os berros e cobranças, Baptista representou não só ele em sua fala, representou a dois técnicos rivais que convivem com a desconfiança fomentada por uma mídia esportiva que os persegue; Rogério Ceni (Técnico do São Paulo) e Fábio Carille (Técnico do Corinthians). O único erro do treinador alviverde durante sua oratória foi cobrar de um jornalista o nome de uma fonte. A fonte que tanto é sagrada para nós jornalistas e todo o sigilo constituído a nós, jamais pode ser profanada.

Mas valeu. O Palmeiras venceu em campo com seu futebol persistente, se defendeu das agressões dos adversários que não souberam perder, foi ouvido nas arquibancadas e mostrou sua força através de seu técnico, educado, calmo, mas que também como todo ser humano é capaz de estourar. Eduardo Baptista foi "homem pra C...", assim como ele disse, e o Palmeiras foi um Verdão da P...