Penta e Hegemonia



Por: Flávio Agnelli

Minha geração, do início dos anos 1980, teve a sorte de ver a seleção brasileira levantando duas taças de Campeã do Mundo. As duas conquistas, no entanto, são bastante distintas.

Em 1994, pairava no ar uma incredulidade muito grande: “seleção brasileira vencendo uma Copa? Com esse time? Jamais...”. A surpresa pela vitória nos EUA causou um alvoroço tão grande que, no alto de minha adolescência – pré-juventude –, saí pelas ruas e gravei na memória as dezenas de rostos felizes/atônitos/satisfeitos/pasmos...especialmente daquelas pessoas que esperaram 24 anos pelo tetra.

O penta, em 2002, foi nesse sentido a antítese de 94. Nessa época, existia um clima de esperança, de renovação, que ia muito além do esporte...o nome de Lula para Presidente, após outras três eleições frustradas, era o franco favorito para representar alguém diferente. Não necessariamente melhor ou pior, mas diferente.

A seleção brasileira, com um time organizado, de operários – como gostava de dizer Felipão – parecia muito mais pronta a ganhar o título do que o time de Romário, Bebeto e companhia. Prova disso é que os jornais da época estampavam que o Brasil estava pronto para o Penta e para retomar a hegemonia do futebol mundial. Ou seja, o título era muito mais palpável do que oito anos antes.

Toda conquista deve ter um protagonista, a personificação da vitória. Os mais ranzinzas vão dizer que Rivaldo foi “o cara” da Copa; outros falarão que, se não fosse o goleiro Marcos, o Brasil perderia a final. Pode parecer “chover no molhado”, mas o personagem mesmo foi Ronaldo. Pela derrota de 2008, pelas várias lesões que, se fosse em uma pessoa comum, ela sequer andaria normalmente, pelos gols que o tornariam o maior goleador da história das Copas. Por tudo isso, 2002 teve a marca do Fenômeno, representou o momento em que ele deixava de ser um bom jogador para entrar no seletíssimo grupo de lendas do esporte.

Por sorte, pude acompanhar de perto essa lenda. Pra mim, o Penta pode, sim, resumir-se na figura de Ronaldo Nazário de Lima.
Penta e Hegemonia Penta e Hegemonia Reviewed by Bruno Cassiano on 18:35:00 Rating: 5

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